Delírios cibernéticos
Logo após acordar, Ademar dirigiu-se ao computador, sua incorrigível rotina. Queria ver seus emails e conversar no seu msn.
Orkut, blog, skoob, msn. Uma vida virtual completa: amigos, fama, liberdade. Aquilo que não possuía, de fato, em sua vida real.
O
mundo aparentava não existir, além daquela tela de cristal liquido,
seus amigos o adoravam, seu Orkut estava sempre cheio de recados, nada
podia dar errado, nada! Exceto...
Era
finalzinho de tarde quando aconteceu. Primeiro, as luzes do quarto
piscaram, depois, a rutilancia foi ainda maior e tudo se apagou.
Itaipu
havia entrado em colapso, mas ele não sabia. Desconhecia qualquer
coisa, estava ali sozinho, no escuro e perdido no mundo real.
Uma... duas horas. O tempo passava devagar demais. Ele, similar a um viciado em cocaína, sentia os sintomas da abstinência.
O
esgar de desespero, logo foi substituído pela ansiedade. Quando a ânsia
não podia mais ser contida, passou a caminhar ziguezagueando pelo
quarto.
Quatro...
cinco horas. O terror havia chegado ao seu grau máximo, não havia mais
escapatória. Ao abrir a porta, Ademar enfrentou a realidade e
desapareceu na mais completa escuridão.
Algumas
semanas depois, alguns amigos perguntavam “Onde está o Adê? Nunca mais o
vi.”, enquanto outros, desgostosos, respondiam: “ Sei lá, ele nunca
mais foi encontrado...”
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